Nasceu a 19 de Junho de 1871, na ilha das Flores, lugar onde viveu quase ininterruptamente. Os Açores foram a sua pátria: fez estudos na Terceira e no Faial e trabalhou alguns anos no Pico e no Corvo, na condição de funcionário da Fazenda Pública. Do arquipélago apenas saiu uma vez, em 1904, tendo-se deslocado a algumas cidades de Portugal Continental...
...Em vida, não publicou senão meia dúzia de poemas em jornais e revistas. O livro, Almas Cativas, seria editado oito anos depois da sua morte, em 1931....
...Roberto de Mesquita, como Cesário Verde e Camilo Pessanha tudo viveu interiormente. Como eles e António Nobre, foi autor de um livro só.
in Almas Cativas e Poemas Dispersos (2007)
Alvorada Saturniana
Lívido amanhecer, lufadas agressivas
Batem os canaviais e os álamos da estrada.
Que bilioso o acordar das perspectivas
Por essa macilenta e gélida alvorada!
A paisagem, que empana um véu cinzento e baço,
Ressuma na manhã irregelada e má
O fastio da vida, o mórbido cansaço
Dum velho coração que nada espera já.
De quando em quando ulula no próximo pinhal,
Sob a nortada agreste, a lamentosa reza
Em que se aflige a desesp´rança universal…
Dir-se-á senil e enferma a alma da natureza,
Por este amargo abrir de fusco dia hiemal,
Duma desconsolada e anémica tristeza.
Nota: Conheci a poesia de Roberto de Mesquita, era aluna do 5º ano do Liceu, actual 9ºano de escolaridade. O meu professor de português, Drº Tomás da Rosa, era um homem de saber ,de vasta cultura e grande sensibilidade, legando os seus conhecimentos a muitas gerações.