domingo, 8 de março de 2009

Júlio Andrade



Espaço Vazio

Obsessão permanente
aquele espaço vazio!
Nem gélido, nem quente...
Ausência da noite e dia,
do céu em fogo de Estio,
luz e sombra, riso e agonia...

Secou-se-lhe o mar
e o próprio leito
de pedras e de areal!
As margens presas ao peito
afundaram-se nos abismos
sem deixar sinal.

Anoitecer é uma obra póstuma. Júlio Dutra de Andrade nasceu na Horta a 30-1-1986 e faleceu em Lisboa a 23-2-1978.
O professor Júlio de Andrade foi poeta, dramaturgo, jornalista, contista e autor de un único romance.

domingo, 7 de setembro de 2008

Tomás da Rosa


Todos os contos têm como traço comum o ambiente rural e idílico da pequena aldeia, a viagem tormentosa do barco de cabotagem na travessia do canal atè à Horta, que de tão próxima, a tempestade tornava quase inantingível, ou ainda, embora menos, o desenraizamento na grande cidade da emigraçãp,Vancouver, de preferência. O sonho e a realidade. O sonho e a desilusão em qualquer lugar : " A sombra de uma faia ou de um arranha céus, o tempo passa e o sonho desaparece", como se lê em o Sonho. in Ilha Morena
Saiba mais aqui sobre Tomás da Rosa


sábado, 1 de março de 2008

Roberto de Mesquita

Nasceu a 19 de Junho de 1871, na ilha das Flores, lugar onde viveu quase ininterruptamente. Os Açores foram a sua pátria: fez estudos na Terceira e no Faial e trabalhou alguns anos no Pico e no Corvo, na condição de funcionário da Fazenda Pública. Do arquipélago apenas saiu uma vez, em 1904, tendo-se deslocado a algumas cidades de Portugal Continental...
...Em vida, não publicou senão meia dúzia de poemas em jornais e revistas. O livro, Almas Cativas, seria editado oito anos depois da sua morte, em 1931....
...Roberto de Mesquita, como Cesário Verde e Camilo Pessanha tudo viveu interiormente. Como eles e António Nobre, foi autor de um livro só.
in Almas Cativas e Poemas Dispersos (2007)
Alvorada Saturniana


Lívido amanhecer, lufadas agressivas
Batem os canaviais e os álamos da estrada.
Que bilioso o acordar das perspectivas
Por essa macilenta e gélida alvorada!

A paisagem, que empana um véu cinzento e baço,
Ressuma na manhã irregelada e má
O fastio da vida, o mórbido cansaço
Dum velho coração que nada espera já.

De quando em quando ulula no próximo pinhal,
Sob a nortada agreste, a lamentosa reza
Em que se aflige a desesp´rança universal…

Dir-se-á senil e enferma a alma da natureza,
Por este amargo abrir de fusco dia hiemal,
Duma desconsolada e anémica tristeza.
Nota: Conheci a poesia de Roberto de Mesquita, era aluna do 5º ano do Liceu, actual 9ºano de escolaridade. O meu professor de português, Drº Tomás da Rosa, era um homem de saber ,de vasta cultura e grande sensibilidade, legando os seus conhecimentos a muitas gerações.